Mudanças simples deixam casas com melhor eficiência energética

No momento em que a tarifa de energia elétrica está cada vez mais alta e o aquecimento global preocupa o mundo, buscar diminuir o consumo energético é mais que uma alternativa para equilibrar o orçamento doméstico, é uma forma de contribuir com o desenvolvimento sustentável do País. Isso não é coisa do futuro. Recentemente, um dos prédios da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) ganhou um selo de eficiência energética e a equipe de pesquisadores e alunos um “know how” para reproduzir os conhecimentos adquiridos em quaisquer outras edificações.

O coordenador-geral do HUB – Tecnologia e Inovação da UEA, Ricardo Serudo, explica que há muitas formas de se ter uma construção inovadora, sustentável e energeticamente eficiente. “Tem algumas coisas básicas de economia de energia que as pessoas não se atentam. Iluminação, por exemplo, é uma coisa que as pessoas não se preocupam, mas quando ela está associada com o uso de ar-condicionado aumenta muito o consumo de energia”, observa.

Por isso, usar lâmpadas LED, são mais caras, mas tem duração melhor, e comprar ar-condicionado com tecnologia inverter, que consome 40% menos energia, são uma boa solução. Outra coisa importante, conforme ele é a fiação elétrica. É preciso ter cabos elétricos que sejam capazes de conduzir eletricidade sem gerar calor. “Para cada tipo de consumo tem uma espessura de cabo, às vezes, a pessoa liga o chuveiro elétrico no cabo fino, isso aumenta demais o consumo de energia”, aponta Serrudo.

O coordenador ressalta que equipamentos que puxam mais energia têm que ter cabo e disjuntor adequado. Além disso, as pessoas precisam começar a ter o hábito de olhar o selo de eficiência energética dos produtos. “Tem produtos muito mais baratos, mas com selo de eficiência energético no vermelho. Nesse caso, você compra mais barato, mas em médio prazo acaba gastando mais”, salienta, assegurando que são muitas as soluções que permitem economias substanciais de energia elétrica nas residências.

Há ainda alternativas simples envolvendo as janelas. A recomendação é o uso de cortina do tipo “blackout”, que impede entrada de luz e se consegue com certa mobilidade ajustar a iluminação interna evitando ascender à luz e ao mesmo tempo a entrada de calor ajudando a controlar a temperatura interna da residência. “Tem muita coisa dentro de uma casa que se consegue economizar energia, inclusive manter os equipamentos desligados quando não estão em uso”, conclui Serudo.

Selo atesta qualidade

Conforme o coordenador do HUB – Tecnologia e Inovação, Ricardo Serudo, o selo de eficiência energético dado pelo Procel é semelhante ao selo comum de eletrodoméstico, com níveis de eficiência, só que é dado a edificações. “Eles atestam que aquela edificação foi construída obedecendo ao que há de melhor em termos de tecnologia em economia de energia”, frisa.

HUB desenvolve soluções tecnológicas

O HUB – Tecnologia e Inovação é um centro de desenvolvimento tecnológico da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), situado ao lado da Escola Superior de Tecnologia, na Zona Centro-Sul, criado para apoiar as indústrias e novas empresas e contribuir com o desenvolvimento econômico da região. O Espaço trabalha com desenvolvimento tecnológico em todas as áreas da Engenharia.

O prédio recebeu o Selo de Eficiência Energética, emitido pelo Instituto Nacional de Meteorologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), no dia 10 deste mês, após ser avaliado pela Fundação Centros de Referência em Tecnologias Inovadoras (Certi) de Santa Catarina, credenciada pelo órgão para fazer essas avaliações. A nota foi uma das melhores do Brasil “AAA 6”, a máxima. O espaço é o segundo do país a alcançar essa nota.

O HUB foi construído com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas em parceria com a Financiadora de Estudos e Projetos. O selo é uma iniciativa do Centro Brasileiro de Informação de Eficiência Energética.

Painel solar e água de chuva

O projeto do prédio HUB – Tecnologia e Inovação foi feito pelo time de pesquisadores do próprio HUB. A estrutura do imóvel conta com um painel solar, sistema de uso de água da chuva, sistema de isolamento térmico, ar-condicionado inverter, tubulação com dupla camada de revestimento, iluminação externa e interna do prédio em LED, paredes e janelas dimensionadas para utilizar o máximo de luz natural. A estimativa é que o imóvel consome 40% menos energia do que se fosse um prédio comum.

O centro conta com três núcleos: de Sistemas Embarcados, de Software e de Ilum para projetos na área de biotecnologia, análises químicas, educação em Ciências e tem por objetivo dá acesso aos serviços tecnológicos que a Universidade do Estado do Amazonas pode oferecer para ajudar o desenvolvimento econômico da região. E, a partir da aquisição do selo, o HUB também se dispõe a atender outros órgãos do Governo do Estado com consultoria para a obtenção da certificação.

“Como fomos nós mesmos que fizemos os cálculos, memorial e modificação no prédio adquirimos um ‘know how’ de conhecimentos técnicos e práticos e que julgamos reproduzi-los não só em prédios públicos, mas em outras áreas”, afirma o coordenador-geral do HUB – Tecnologia e Inovação, Ricardo Serudo. Conforme ele, alguns bancos dão juros menores para projetos com essa finalidade, além disso, algumas legislações começaram a exigir esse tipo de preocupação em novas construções.

“Então, a ideia é que a gente venha prestar esse serviço para a sociedade. É verdade que a construção sai mais cara do que se fosse uma normal, mas temos certeza absoluta que em médio prazo esse investimento se paga em economia de energia elétrica”, garante Serudo. “Por isso gostaríamos que o Governo do Estado nos chamasse para elaborar uma espécie de guia de eficiência energética para as novas construções públicas como hospitais, escolas, entre outras. As empresas interessadas também podem nos procurar que desenvolveremos projeto de acordo com as suas necessidades”, concluiu.

Obra iniciou em 2012

O prédio começou a ser construído em 2012, a bra física ficou pronta em 2013 e a partir daí foram feitas adequações elétricas, hidráulica e acabamento final. Em 2015 o imóvel recebeu os equipamentos de desenvolvimento de pesquisa, mas começou a funcionar só este ano.

 

Fonte: Jornal A Crítica – 31.07.2016